quarta-feira, 26 de abril de 2017

Um dia

Um dia...
... sem vida
após outro sobrevivente, esmorecido...

Um dia moribundo, sem-abrigo
após outro vagabundo, cambaleante,
rastejante no subsolo de mim,
na lama que me alimenta as raízes podres,
nas pedras que me golpeiam sem pudor.

Inspiro... expiro... no ocre fumegante...
...tóxico...
que corrompe, vicia, assassina,
que se dilata como carne embalada em putrefação...

Prostrada no chão...
inspiro... expiro... tacteio nas rugas das mãos...
pálidas, frias, calejadas, videntes.
Sigo cada rasgo salgando lágrimas
com o voo noturno das pestanas molhadas...
e o rosto cansado, bebendo as últimas estrelas
deste luar fantasma...


terça-feira, 25 de abril de 2017

As armas da liberdade
















As armas de ontem murcharam
o vermelho perdeu a vida
e as pétalas lacrimejaram.

A luz clara tingiu-se de cinza
e a sombra do esquecimento
abateu-se sobre a terra prometida.

As mãos sofridas, calejadas
que empunharam com fervor os cravos
são agora macias, frágeis,
pisam as flores do passado.

Mas há quem semeie a liberdade,
quem cante de cravo ao peito… cheio
o dia da Revolução!