terça-feira, 26 de julho de 2016

Ser o que sinto



Ser, rasgar,
pele desnuda,
corpo desprotegido,
queimado do sol…
alma exposta,
molhada da chuva…
Sem pudores entrego-me à terra
às flores e ao pólen que expulsas…
Para ser…
Para sentir…
Para ver e respirar….

Não sei quem sou,
mas sei o que sinto,
o que procuro,
o que me dá prazer,
o que me eleva e dá asas
para penetrar a atmosfera,
desprender-me do planeta terra,
do sistema solar e extrassolar
e viajar pelos buracos negros do universo.

Quem somos?
Não sabemos,
mas sentimos:
Medo
Ansiedade
Paixão
Amor
Alegria
Arrepios na pele
Estômago embrulhado
Pupilas dilatadas
Poros em suor
Boca seca
Ventre húmido em convulsão.

Somos apenas
O que sentimos.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Rosa brava



Nascem-me espinhos afiados e pétalas perfumadas
sob um céu de fumo e fogo ardente…
Vegeto neste chão como prisioneira
da minha condição de rosa brava.

Sugo-te a água e os nutrientes do solo
para alimentar o fel que transborda deste gineceu,
carpelos em fúria ávidos do pólen
que me sobrevoa em enxames de abelhas prenhas.

Sou rosa sem cor,
apenas brava, apenas de espinhos
de raízes mutantes e nómadas…


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Destino falso



Entre as linhas tortas do destino difuso,
nego-te, rasgo-te, roo essa corda fictícia,
que nos prende a mente e nos jorra lágrimas…

Na insignificância que representamos,
temos uma palavra a dizer,
um caminho a tomar,
uma arena onde combater,
um sol, um céu e tantas estrelas,
para absorver e recriar…

Somos livres, criadores dos nossos passos,
ainda que condicionados pela terra que pisamos,
pela chuva que desaba e molha,
pelo sol ardente que nos queima a fronte…
Mas continuamos livres para ser, sentir, decidir!

O destino somos nós!