sábado, 6 de fevereiro de 2016

Lama

Calco as sombras que me tingem a pele nua,
danço entre nuvens cinzentas e charcos de luz,
procurando-te lençol de água pura,
escondido debaixo da lama sangrenta
que degola a aurora clara e a chuva macia.

Enterro as mãos nessas areias movediças
que devoram o leito de um rio que mirrou…
Montanhas de granito denso sulcam-te o corpo febril.
Bandos de corvos e morcegos embriagados
copulam nessa fonte de fel e troncos despidos
sob uma lua pálida, perdida…

Esvoaço entre colinas de sol e vales de sombra,
cegonha que abandonou o ninho quente
e partiu para os bosques frios de inverno
em busca da desumanidade pacífica e repelente...

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