domingo, 23 de novembro de 2014

Planta de água
















Cada fio do teu ventre líquido
desliza-me na pele nua
como um manto de seda azul.
Provo-te o sabor agridoce
que se desfaz na minha boca,
hidratando-me as vísceras secas, ásperas…

Corro em direção a ti,
ao encontro da profundidade oceânica
que me prometeste um dia,
quando adormecia ao pôr-do-sol
e avistei uma estrela cadente,
tão brilhante que tomou o lugar do astro-rei
para me plantar esta semente
que viria a germinar numa planta de água…
Não é salgada como o mar,
mas doce como um pequeno rio enroscado nas montanhas…

Como poderás viver numa terra árida,
tu que te alimentas de água pura e cristalina?
As tuas raízes irão murchar e encolher,
serão embalsamadas neste deserto de catos
que trago plantado no peito.

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