quarta-feira, 13 de julho de 2011

Aracnopássaro













Baloiçam-me indigentes
as noites claras nas pestanas escuras
molhadas desse orvalho das folhas
que desliza em finas gotas,
cristais líquidos multicores,
na teia de aranha invisível
em que me seguro das vertigens...
e se me tento desprender para o voo triunfal
esses fios tão finos como um cabelo
transformam-se em grades de aço
e fazem-me cativa do meu próprio dilema...

Serei um aracnopássaro?
Palavra ausente do vocabulário humano,
mas que a natureza reconhece no diário da vida,
entre as linhas tortuosas de quem chora,
porque habita a dualidade de um ser híbrido.

As penas coladas ao leque de filamentos de seda
formam um paraquedas biológico
e servem-me de ferramenta para apanhar a presa...

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