terça-feira, 7 de julho de 2009

Definho



















Water Serpents II, c.1907

by Gustav Klimt


Crescem-me espinhos na terra adubada de lágrimas,

despontam-me pétalas de sangue,

as folhas tolhem de dor e apodrecem…


O caule geme, contorce-se

e tomba sobre a torrente de água salgada.

Esgueira-se para sorver uma gota

e saciar a sua sede defunta.

Não entende que a frescura do rio é letal

e que um só gole o fará definhar e morrer!


Arrastas-me imunda sobre o chão de granito…

Os grãos castanhos que me protegiam as raízes

esvaíram-se em pó, por entre as fendas das pedras.

O Sol que me elevava para o céu de algodão

perdeu-se no nevoeiro denso e escuro

e a chuva da vida tornou-se ácido!


Para onde vou, sem eira nem beira…!

Perdida…

… Isolada neste mundo zombie,

despido de vida e existência!

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